Herlander Coutinho
Este ano a Feira de Olivença estreava o título de festa de
interesse turístico regional e o pontapé de saída foi dado na quinta-feira dia
seis com um tentadero público
protagonizado por Miguel Angel Perera e pelos alunos da Escola de Tauromaquia
de Badajoz onde se incluía a jovem promessa Portuguesa do toureio apeado João Silva “El Juanito”. Os comentários
deste acontecimento estiveram a cargo de Enrique Romero conhecido apresentador
do programa “Toros para Todos” do Canal Sur, fantástico apresentador, que desde
logo conquistou a simpatia das mais de quatro mil crianças presentes em
Olivença, crianças que, na sua grande maioria bem menores de doze anos, onde
quem conspira para as proibir de assistir a espectáculos de índole taurina
deveria ter estado presente, pois para se tomarem decisões não chega “ouvir
opiniões” muitas das vezes distorcidas, mas sim viver os acontecimentos com
intensidade e senti-los com verdade. Foi contagiante e avassalador ver a alegria
com que estes milhares de crianças viveram o acontecimento, além da constante
interacção durante o tentadero.
O epilogo foi,
terminado o espectáculo, baixarem á arena para tirar fotografias e pedir autógrafos a Perera, assim como
brincar “ás touradas” e pisar pela primeira vez um ruedo. Assim se promove a
festa e sobretudo a liberdade. Concluo que em Espanha, mesmo aqueles que não
são aficcionados, valorizam a importância da festa brava, por isso poucos devem
ter sido os pais destes alunos que não os deixaram ir a este maravilhoso acto.
A parte taurina propriamente dita começou na sexta
feira com a primeira novilhada picada;
novilhos de Daniel Ruiz que não complicaram a vida aos jovens diestros; José Garrido foi o triunfador e sem
sombra de dúvidas aquele que mais se destacou, abriu a porta grande com o corte
de duas orelhas, uma em cada um dos seus novilhos; Tulio Salgueiro deixou
pormenores e o mexicano Fermin Espinosa que representava a IV geração dos
“Armilita” também não conseguiu repetir a senda de êxitos que trazia do seu
país.
Sábado uma
corrida de oito toiros da ganadaria de Garcigrande e Domingo Hernandez que
deram bom jogo na generalidade; um cheio de não há bilhetes com a reventa a
lucrar forte, em que El Juli cumpriu aquilo que dias antes tinha
dito “ que todas as arenas que iria pisar este ano era para arrasar”, foi assim
em Olivença cortou duas orelhas no seu primeiro e duas orelhas e rabo no
segundo, com um toureio poderoso em que meteu “toda a carne no assador” e
colheu unanimidade de toda a afición; António Ferrera esteve um gladiador, saiu
pelas duas portas: pela grande e pela da enfermaria, cortou duas orelhas no
segundo que lidou e foi volteado de forma feia e colhido com cornada de quinze
centímetros no músculo esquerdo quando entrava a matar, esteve tremendo este
Ferrera. José Maria Manzaneres teve uma passagem discreta por Olivença e a
Miguel Angel Perera calhou um lote sem opções de triunfo.
Domingo a novilhada
matinal com novilhos da ganadaria El Freixo propriedade de El Juli bem
apresentados e que deram excelente jogo, serviu para revelar um grande toureio
da terra: Gines Marin, apoderado por
Luis Garcia “Niño de Leganés” e que leva o selo da casa de El Juli, e não só;
parece que é feito da mesma matéria. Cortou quatro orelhas e saiu pela porta
grande; agora, Olivença além de tudo o que já tem e de Ferrera, tem mais um
toureiro, nada mais justo! Posada de Maravilhas cortou uma orelha no segundo
que lidou e deixou o perfume e a singularidade da sua arte, Luis Manuel Térron
cortou também uma orelha no seu segundo e deixou bons pormenores. Tanto Gines
Marin como Luis Terron debutavam com picadores e brindaram cada um, ao elenco
da Escola Taurina de Badajoz que tantos e tão bons frutos tem dado á
tauromaquia, certamente que eles serão a continuidade.
A encerrar a
feira uma
decepcionante corrida de Juan Pedro
Domeq, isenta de casta, de raça, força e sobretudo de bravura; salvou a tarde Alejandro Talavante que saiu em ombros
cortando uma orelha em cada um dos toiros que lidou, lides em que teve que ser
o toureiro a por tudo da sua parte, os prémios foram mais pela vontade, do que
pelo toureio. Morante deixou bom sabor com a primeira faena onde se viram bons
monentos, não teve quaisquer opções no seu segundo e desta vez a bronca foi mesmo
para o toiro que foi assobiado no arraste. Enrique Ponce no ano dos seus vinte
cinco anos de toureio, a maioria deles sempre presente na feira de Olivença,
não teve a simpatia do público que mostrou um certo enfado, um toureio que
muito deu á tauromaquia mas que já está um pouco gasto; a juntar a falta de
qualidade dos astados da tarde deu numa passagem isenta de glória do Maestro
por terras Extremenhas.
Uma feira que contou com uma grande entrada de
público como é hábito, vindo de todas as partes do mundo, bastantes deles portugueses
entre eles quase uma centena de açoreanos da Ilha Terceira e que pela forma
como vivem a festa comprovei, e posso garantir, que estão entre os melhores
aficcionados do mundo!
GALERIA FOTOGRAFICA DA FEIRA
Autor: Edgar Vieira