15 março 2014

Março marçagão

manhãs de inverno tarde de verão…
Em Abril, águas de mil…

Dr. Varela de Matos


Este adágio popular, espelha bem, os tímidos dias de Primavera e as ultimas resistências do “rei inverno”, que teima em agarrar-se ao seu “trono” de onde sopra fortes ventanias…
Festivais, festivaleiros, apresentações, limpezas de currais, desbastes de cavalos, experiencias, novos passes, tourei o de salão…
Começa pois a temporada com altos e baixos.
Aficionados, empresários, apoderados, artistas, todos com a consciência de que ainda há muito por “limar”, “desbastar”, “olear”, para fazer esquecer o duro inverno da paragem e desabrochar as tardes primaveris.
Este é o estado de espirito “reinante”.
Vamos aos festivais e às primeiras corridas, à espera de “manhãs de inverno” e recebemos “tardes de verão”.
Março, Marçagão…
Por vezes, as nossas expectativas são goradas e temos “manhãs de verão” (ilusórias manhãs de verão) e “tardes de inverno”, quando saímos das praças, lamentando dinheiro do bilhete que pagámos e o tempo que perdemos…
Sonhámos ilusionados com faenas de encantamento, em tardes primaveris e “deram-nos” tardes de tédio, aborrecimento e desencanto.
É. A festa tem estes mistérios…
Depois de cada deceção, juramos não voltar “lá”. Não mais queremos ir lá “vê-lo”, porque pela enésima vez não “esteve bem”. Rapidamente alteramos o nosso estado de espirito… Voltamos a acreditar… desta vez é que será… na próxima é que “Ele” (ou “Ela”) sairá em ombros… com uma multidão a aplaudir e a gritar “Torero” ou “Torera”.
O nosso espirito também imita o adágio Março Marçagão… mesmo quando temos tardes de inverno e manhãs de verão, sonhámos em manhãs de inverno e tardes de verão.
E, é com esse espirito que rumamos, à antiquíssima e Portuguesíssima terra Oliventina, na margem esquerda do Guadiana, ocupada há 200 anos… pelos castelhanos…
Logo a seguir virão tardes de Abril (com águas mil) na Maestranza, junto ao Gualdiviquir…
Este ano estará mais “pobre” de figuras, porque as “Primeiríssimas” fizeram um “manguito” à empresa…
Oxalá o São Pedro, não nos faça gesto igual e possamos desfrutar em Sevilha tardes de Abril, sem águas mil… porque os “demás” também merecem uma oportunidade… de ouro…
Pairará no ar a ausência do “maestro dos Maestros”, O Senor El Juli… madrileno radicado em Olivença… mas não importa, Las Ventas é já… em Maio! E lá iremos…