16 março 2014

Balanço da Feira de Olivença 2014

Herlander Coutinho

Este ano a Feira de Olivença estreava o título de festa de interesse turístico regional e o pontapé de saída foi dado na quinta-feira dia seis com um tentadero público protagonizado por Miguel Angel Perera e pelos alunos da Escola de Tauromaquia de Badajoz onde se incluía a jovem promessa Portuguesa do toureio apeado João Silva “El Juanito”. Os comentários deste acontecimento estiveram a cargo de Enrique Romero conhecido apresentador do programa “Toros para Todos” do Canal Sur, fantástico apresentador, que desde logo conquistou a simpatia das mais de quatro mil crianças presentes em Olivença, crianças que, na sua grande maioria bem menores de doze anos, onde quem conspira para as proibir de assistir a espectáculos de índole taurina deveria ter estado presente, pois para se tomarem decisões não chega “ouvir opiniões” muitas das vezes distorcidas, mas sim viver os acontecimentos com intensidade e senti-los com verdade. Foi contagiante e avassalador ver a alegria com que estes milhares de crianças viveram o acontecimento, além da constante interacção durante o tentadero.
 O epilogo foi, terminado o espectáculo, baixarem á arena para tirar fotografias  e pedir autógrafos a Perera, assim como brincar “ás touradas” e pisar pela primeira vez um ruedo. Assim se promove a festa e sobretudo a liberdade. Concluo que em Espanha, mesmo aqueles que não são aficcionados, valorizam a importância da festa brava, por isso poucos devem ter sido os pais destes alunos que não os deixaram ir a este maravilhoso acto.
A parte taurina propriamente dita começou na sexta feira com a primeira novilhada picada; novilhos de Daniel Ruiz que não complicaram a vida aos jovens diestros; José Garrido foi o triunfador e sem sombra de dúvidas aquele que mais se destacou, abriu a porta grande com o corte de duas orelhas, uma em cada um dos seus novilhos; Tulio Salgueiro deixou pormenores e o mexicano Fermin Espinosa que representava a IV geração dos “Armilita” também não conseguiu repetir a senda de êxitos que trazia do seu país.
Sábado uma corrida de oito toiros da ganadaria de Garcigrande e Domingo Hernandez que deram bom jogo na generalidade; um cheio de não há bilhetes com a reventa a lucrar forte, em que El  Juli cumpriu aquilo que dias antes tinha dito “ que todas as arenas que iria pisar este ano era para arrasar”, foi assim em Olivença cortou duas orelhas no seu primeiro e duas orelhas e rabo no segundo, com um toureio poderoso em que meteu “toda a carne no assador” e colheu unanimidade de toda a afición; António Ferrera esteve um gladiador, saiu pelas duas portas: pela grande e pela da enfermaria, cortou duas orelhas no segundo que lidou e foi volteado de forma feia e colhido com cornada de quinze centímetros no músculo esquerdo quando entrava a matar, esteve tremendo este Ferrera. José Maria Manzaneres teve uma passagem discreta por Olivença e a Miguel Angel Perera calhou um lote sem opções de triunfo.
Domingo a novilhada matinal com novilhos da ganadaria El Freixo propriedade de El Juli bem apresentados e que deram excelente jogo, serviu para revelar um grande toureio da terra: Gines Marin, apoderado por Luis Garcia “Niño de Leganés” e que leva o selo da casa de El Juli, e não só; parece que é feito da mesma matéria. Cortou quatro orelhas e saiu pela porta grande; agora, Olivença além de tudo o que já tem e de Ferrera, tem mais um toureiro, nada mais justo! Posada de Maravilhas cortou uma orelha no segundo que lidou e deixou o perfume e a singularidade da sua arte, Luis Manuel Térron cortou também uma orelha no seu segundo e deixou bons pormenores. Tanto Gines Marin como Luis Terron debutavam com picadores e brindaram cada um, ao elenco da Escola Taurina de Badajoz que tantos e tão bons frutos tem dado á tauromaquia, certamente que eles serão a continuidade.
A encerrar a feira uma decepcionante corrida de Juan Pedro Domeq, isenta de casta, de raça, força e sobretudo de bravura; salvou a tarde Alejandro Talavante que saiu em ombros cortando uma orelha em cada um dos toiros que lidou, lides em que teve que ser o toureiro a por tudo da sua parte, os prémios foram mais pela vontade, do que pelo toureio. Morante deixou bom sabor com a primeira faena onde se viram bons monentos, não teve quaisquer opções no seu segundo e desta vez a bronca foi mesmo para o toiro que foi assobiado no arraste. Enrique Ponce no ano dos seus vinte cinco anos de toureio, a maioria deles sempre presente na feira de Olivença, não teve a simpatia do público que mostrou um certo enfado, um toureio que muito deu á tauromaquia mas que já está um pouco gasto; a juntar a falta de qualidade dos astados da tarde deu numa passagem isenta de glória do Maestro por terras Extremenhas.
Uma feira que contou com uma grande entrada de público como é hábito, vindo de todas as partes do mundo, bastantes deles portugueses entre eles quase uma centena de açoreanos da Ilha Terceira e que pela forma como vivem a festa comprovei, e posso garantir, que estão entre os melhores aficcionados do mundo!

GALERIA FOTOGRAFICA DA FEIRA
Autor: Edgar Vieira